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Serpentes e dragões: guardiões do conhecimento

  • Foto del escritor: Carolina
    Carolina
  • 21 oct 2020
  • 5 Min. de lectura

Actualizado: 28 dic 2020

A serpente tem sido um animal temido, não apenas porque alguns são venenosas, mas também porque a tradição judaico-cristã a mostra como uma representação do mal, do pecado, do próprio diabo.


Ao contrário das tradições ocidentais, o Oriente teve grande respeito pela serpente e pelo dragão como animal mitológico; ambos compartilham características simbólicas e a forma de seus corpos alongados com movimentos que lembram a espiral ou a letra esse.


A serpente bíblica é mostrada como a tentação de Eva de cometer o pecado original. A história da maçã que ela morde e oferece a Adão marca as mulheres como pecadoras eternas e a partir daí foi muito fácil estabelecer o patriarcado para nos submetermos como o “sexo fraco”, impuro e indigno. Mas toda história tem pontos de vista diferentes e é hora de abrir a mente para conhecer o lado oculto desse Gênese.


Em primeiro lugar, Eva não foi a única mulher que esteve com Adão, porque antes dela estava Lilith, o arquétipo feminino que representa a sensualidade e a escuridão. Às vezes ela é considerada a primeira esposa de Adão, que o deixou porque não queria se sujeitar a ele, outros associam-na ao demônio em forma de serpente que tentou Eva a comer a maçã.


Lilith, por estar ligada ao instinto sexual, pode ser relacionada ao conceito oriental da serpente que na tradição do Tantra e do Yoga é conhecida como Kundalini, e como é bem sabido por aqueles que praticam essas tradições orientais, a energia sexual está conectada com sabedoria. Mais um detalhe: nunca se fala que a maçã é o fruto proibido, isso se acrescenta muito tempo depois quando descobrem que as tradições pagãs associam a maçã ao fruto da imortalidade e do conhecimento (não é muito bonito que no seu centro se vê a figura da estrela de cinco pontas? Se quiser saber mais sobre as estrelas, cá há outro artigo dedicado a elas).



Voltando, temos que: a árvore do fruto proibido no Jardim do Éden supostamente era uma macieira, é chamada de Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal, e a serpente como animal ligado ao feminino é aquela que tenta Eva a comer dessa fruta e a seduz no caminho do mal. Agora, e se virmos assim: a Árvore do Conhecimento é uma macieira porque seu fruto - que não é proibido - representa a imortalidade e a sabedoria. A serpente simboliza a custódia desse conhecimento e Eva como a primeira mulher é chamada a ser a guardiã da sabedoria que deve partir do princípio feminino porque, como já disse em outros artigos, o feminino contém o masculino, todos viemos do útero materno, a mãe é a iniciadora da vida e a primeira mestra.


E isso pode ser visto na cosmovisão andina no mito Muisca de Bachué, que conta que da lagoa Iguaque em Boyacá, Colômbia, surgem os princípios feminino e masculino, do primeiro nasce a mulher e do segundo nasce o homem pequeno, que serão conhecidos como Bachué e seu filho. Acredita-se que as mulheres têm mais sabedoria e que os homens devem aprender com ela, por isso Bachué é representada como uma mulher adulta levando seu filho pela mão. Como em outras tradições de culturas diferentes, esta mãe cria seu filho e quando ele cresce se unem como um casal. Eu descrevo isso em meu livro não publicado Caminho do Graal:

É a imagem da Deusa primordial que cria o Deus em seu ventre, o pare e, quando estão equilibrados, acasalam para criar juntos. O Deus morre, a Deusa continua e volta à gestar-lo e dar à luz a ele novamente; um ciclo infinito de vida, morte e renascimento.

Mas a história não acaba aí, Bachué e seu filho que agora é seu companheiro, depois de povoar a terra e ensinar a viver do amor e do respeito por tudo o que existe, eles voltam para a lagoa de onde saíram e eles se transformam em serpentes.



Mudando geograficamente, na Índia fala-se sobre Kundalini, mas antes de falar sobre isso, quero mencionar que uma das divindades deste lugar é Vishnu e que ele é representado deitado sobre uma grande serpente com muitas cabeças chamada Shesha; ela flutua no oceano universal e é a reminiscência do eterno. Pertence aos nagas, semideuses na forma de serpentes. Também é conhecido por outros nomes, como Ananta, que significa infinito e também é uma palavra para dragão. Assim, a serpente e o dragão estão associados à sabedoria e ao infinito.



Por sua vez, Kundalini é energia sexual, portanto, energia de vida, porque através da sexualidade é possível criar. Diz-se que está adormecida e enrolada 3 voltas e meia na base da coluna vertebral e que o objetivo é acordá-la e ascendê-la à coroa para alcançar o Samadhi, a iluminação, o estado final de conhecimento. Kundalini sobe pelo canal central da coluna chamado Shusumna, mas em ambos os lados deste canal estão Ida e Pingala (canal da lua e do sol respectivamente); esses canais ajudam na ascensão de Kundalini e sua jornada energética nos lembra o caduceu, o emblema de Hermes (já falei sobre esse deus grego em outro artigo). Esta vara tem duas serpentes que se enrolam. Elas representam o equilíbrio dos opostos (assim como os canais Ida e Pingala). Uma vara semelhante, mas com uma única serpente ascendente (como Kundalini que sobe pelo canal central) é aquela representada por Esculápio (romano) ou Asclépio (grego), o deus da medicina, cujo símbolo continua a permanecer nas diferentes organizações médicas na atualidade.


Finalmente temos outro animal associado à serpente que é o dragão, alguns voam, outros nadam e outros vivem sob o solo. Alguns acompanham os deuses e também estão próximos do mundo humano. Os celtas e vikings contaram muitas histórias sobre esses seres fantásticos, e em culturas como a chinesa ou a japonesa, o dragão tem sido representado como guardião de tesouros - a imortalidade como tesouro supremo -, como ser sábio e como símbolo de conservação de tudo criado. Tanto no Japão quanto na China é representado com várias características de outros animais. Às vezes são representados com uma esfera nas garras, e essa esfera, que é o tesouro, costuma mostrar a flor da vida, ou seja, o conhecimento de tudo o que existe.



Em conclusão, os símbolos da serpente e do dragão nos ensinam que existe um conhecimento oculto que está ao alcance de quem se atreve a despertar aquela serpente interior que deve ascender para se conectar com a consciência universal, que a relação com o feminino está ligada à sabedoria que carregamos ao sermos iniciados pela mãe por estarmos no útero onde ainda estávamos conectados com a divindade, onde a separação não existia e onde éramos Um com Todo.

Carolina



Para quem quiser se aprofundar no assunto (e nos assuntos de que tratei em textos anteriores), recomendo o seguinte vídeo, que é a terceira parte de um documentário que já tinha mencionado:


A serpente e o lótus: terceira parte do documentário Mundos internos, Mundos externos

Nome original: Inner Worlds, Outer Worlds

Data de lançamento inicial: 10 de outubro de 2012

Direção, roteiro e produção: Daniel Schmidt

Desfrutem! (Áudio em inglês com legendas em português)



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