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A respiração, o espírito e a palavra

  • Foto del escritor: Carolina
    Carolina
  • 1 dic 2020
  • 4 Min. de lectura

Actualizado: 18 ene 2021

O ar, um dos 4 elementos que compõem tudo que nos rodeia, é necessário na produção e transmissão de alguns sons. Para viver no planeta Terra precisamos do ar, é através dele que respiramos e é através do fôlego que o nosso espírito pode encarnar no corpo.


Quando estamos no útero, a placenta se encarrega de ajudar-nos a respirar, pois estamos ligados a ela pelo cordão umbilical e também nadamos no líquido amniótico, porém, ao sairmos desse paraíso iniciático temos que poder receber o ar através do nariz e começar a respirar sozinhos. Isso nos permite adaptar e viver, ou seja, nos dá a vitalidade para podermos percorrer o caminho que nos corresponde e só no final, quando devemos retornar à origem, exalamos nosso último suspiro e perdemos a vitalidade do corpo.


É por causa do acima exposto que muitas culturas antigas souberam da conexão entre a respiração e o espírito; etimologicamente, pode ser explicado do grego e do latim assim:


O ar é o espírito. Se nos referirmos à etimologia das raízes gregas, temos que Πνεύμα (pnéuma) é ao mesmo tempo ar e espírito. É aqui que palavras como ψύχω (psicho), que significa ar frio, e ψυχή (psiché), que significa alma, são derivadas. Enquanto isso, em latim, temos a palavra spiritus, que significa fôlego, sopro do ar, espírito, estado de espírito. Podemos dizer que uma pessoa sem fôlego ou sem ânimo não tem vitalidade. É claro que a respiração é o que nos torna vivos, mas está conectada ao coração. É assim que, na tradição chinesa, eles consideram o coração como a residência do espírito. (Fragmento do meu livro inédito Caminho do Graal).

Portanto, uma palavra como "inspirar" significa trazer ar para os pulmões e também gerar ideias para ativar a criatividade, e criatividade tem a ver com a energia vital que nos permite criar, tem a ver com o ânimo e o espírito que colocamos no que fazemos.


Precisamente neste momento de pandemia em que colocamos máscaras para não respirarmos perto de ninguém, a energia vital diminuiu, é difícil de ativar a criatividade para nos adaptarmos tão rapidamente às mudanças que não param no dia a dia e é difícil manter o ânimo. Minha intuição me diz que é um momento em que a própria vida nos questiona sobre o que consideramos essencial e, o que é mais essencial do que respirar para viver? Para mim, este momento é um chamado para retornar ao mundo do espírito, à criatividade, para elevar a energia vital que desvalorizamos por levar uma vida de forma desastrosa e autodestrutiva.


Respirar é a única coisa que nos faz viver o momento presente, é o que nos mantém no único momento que existe: aqui e agora. Respirar conscientemente e de várias maneiras faz parte das práticas de yoga, budismo, tantrismo, taoísmo, entre outras. O Oriente tem dado grande importância a este aspecto da nossa natureza porque o segredo da longevidade é cuidar da nossa energia vital, portanto cuidar da nossa respiração.

Mas não é apenas importante respirar, também o que acontece com o ar em nosso corpo. Pela fisiologia, sabemos que a respiração é um processo pelo qual recebemos oxigênio e liberamos dióxido de carbono para purificar nosso corpo. Porém, energeticamente isso é algo mais profundo e uma das coisas que acho importante enfatizar é que cada vez que exalamos devemos pensar: o que estou contribuindo para o ambiente que me rodeia? Estou apenas liberando toxinas do meu corpo? Devemos estar cientes de que respirar é a única coisa que compartilhamos com TODOS porque não podemos coletar mais ar para nós e deixar sem ar aos outros, todos recebemos ar, todos retornamos ar. E se dermos o melhor que temos por dentro e não apenas o que queremos soltar para desintoxicar-nos? Aí está a diferença ...


E quando expiramos, podemos fazê-lo silenciosamente ou podemos usar o ar para falar ou cantar. Essa é a chave para a criatividade. Estás ciente das tuas palavras? Sabias que as palavras podem modificar teu ser internamente e teu ambiente?


A respiração consciente também nos leva a ter consciência do poder da fala. Nossas palavras vêm do espírito que habita nosso corpo, estão conectadas com o sopro vital e por isso são tão poderosas. As tradições de diferentes lugares contam que a origem deste mundo surgiu da palavra criadora, de um espírito que com seu sopro vital criou tudo. Será que neste momento da humanidade somos chamados a criar de novo o nosso mundo? Acredito que sim, esta situação global é, sem dúvida, um chamado para uma mudança drástica que devemos enfrentar como humanos para criar um mundo diferente e mais amoroso.

A voz, as palavras, as canções e os sons que produzimos com nossas cordas vocais são o que nos permitem nos comunicar, não apenas com o mundo físico, mas também com o mundo além do véu. Isso é algo que os mágicos, sacerdotisas e sacerdotes de diferentes culturas sabem e por isso existem invocações e canções sagradas. Além disso, a humanidade canta a partir do momento em que começa a emitir sons. Antigamente, as histórias eram transmitidas oralmente e geralmente acompanhadas por instrumentos musicais; mais do que contadas, elas foram cantadas.


Existe uma conexão entre o coração e a língua, o músculo que nos permite articular os sons; além disso, o diafragma, o fole que impulsiona o ar para respirar, está localizado no plexo solar, aquele centro de vitalidade que, principalmente nas mulheres, conecta dois órgãos e dois condutos muito importantes: o coração e o útero, a vagina e a garganta.


Sabemos por diferentes tradições que as mulheres temos dois corações, porque o nosso útero também bate e é o centro onde podemos criar vida, abrigar outro espírito. Por outro lado, a mesma anatomia nos mostra a semelhança entre a garganta por onde sai o ar e a vagina, canal pelo qual recebemos e damos vida. Quando estamos focadas em nossa respiração, podemos conectar todas essas partes do nosso corpo e é por isso que a voz nas mulheres precisa ser expressada.


Fomos reprimidas por milhares de anos, milhares de anos em que fomos silenciadas e agora é a hora de falar. A vida está nos mostrando como aprender a expressar-nos através do espírito que é a nossa essência. A mulher é a guardiã da palavra, é através da mãe que aprendemos a língua e o fazemos desde o ventre porque é de dentro que ouvimos a vibração do som.


Tudo é vibração. Mulheres e homens estamos chamados a lembrar que somos espíritos encarnados e que é hora de nos expressar, de criar, de vibrar de maneira diferente.

Carolina



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